sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Emburrecimento Programado - John Taylor Gatto


Emburrecimento Programado - John Taylor Gatto


Editora:
 Kírion
Ano da Edição: 2019
Páginas: 136
Título Original: Dumbing Us Down

Sinopse
O debate atual sobre termos um currículo nacional é uma farsa. Já temos um currículo oculto cujo objetivo é emburrecer, e nenhuma mudança nos conteúdos pode reverter seus efeitos macabros. As escolas ensinam exatamente o que pretendem, e o fazem muito bem: elas são um mecanismo de engenharia social. Está na hora de encararmos o fato de que a escola obrigatória é nociva para as crianças e que fazer remendos não resolverá o problema. A culpa não é dos professores ruins ou da falta de investimento: injetar mais dinheiro ou mais gente nessa instituição doente fará apenas com que ela fique ainda mais doente. Se queremos mudar o que está rapidamente se transformando num desastre de ignorância, temos de compreender que a instituição escolar serve para “escolarizar”, mas não para “educar”, e que “educar” e “escolarizar” são termos mutuamente excludentes. É urgente ignorarmos as vozes autorizadas da televisão e da mídia e recuperarmos as premissas fundamentais de uma verdadeira educação.



Resenha

A escolarização em massa dos alunos está prejudicando a educação deles. Este é o argumento que une os 5 discursos, palestras ou artigos feitos pelo professor de John Taylor Gatto, que foram reunidos no livro “Emburrecimento Programado”. E o incrível é que o livro é dos anos 1990, mas continua atual, é só trocar “televisão” por “Internet” ou “redes sociais”. Além disso, Gatto escreveu pensando na educação de seu país, os Estados Unidos, mas tudo serve para o Brasil também.

Nos primeiros textos o autor expõe os problemas que ele detectou ao longo de sua carreira como professor, com um jeito bem irônico, dizendo o que ele ensina nas escolas. Ele afirma que basicamente tudo na organização da escola - desde a separação dos alunos por idade, passando pelo currículo obrigatório padronizado, até os sinos que tocam anunciando o fim de cada aula - só atrapalha o aprendizado.

”[...] ensino a dependência intelectual. Bons alunos esperam os professores dizerem o que devem fazer. Esta é a lição mais importante de todas: devemos esperar outras pessoas, mais instruídas do que nós, dar sentido às nossas vidas.” p. 46

Nos últimos textos ele vai falando de alguns casos bem-sucedidos e elencando alguns pontos para uma possível solução. Mas suas soluções vão de encontro ao que os políticos e sindicatos de professores falam. Geralmente, estes últimos falam sempre em mais investimentos, mais prédios, mais horas na escola, começar a vida escolar mais cedo, etc.

Porém, Gatto é categórico: “Precisamos de menos escola, não mais”, é esse o título de um de seus textos. Aliás, logo no prefácio, o editor destaca o que aprendeu com o autor: a escola atual é irreformável, pois a verdade é que “[...] as escolas não têm maus resultados. Pelo contrário, elas têm resultados espetacularmente bons naquilo que têm por objetivo”. E é isso que compreendemos ao ler o livro, a escolarização compulsória não foi concebida para educar, mas para transformar os alunos em consumidores e mão-de-obra “dócil e maleável”. É por isso que mesmo quando o volume de investimentos aumenta, os resultados nas avaliações da educação do país mudam pouquíssimo: colocar mais dinheiro em algo que não é feito para educar, não vai fazer a educação surgir magicamente.

“[...] as pessoas não estão completas a menos que se unam voluntariamente em grupos de almas em harmonia. [...] Apenas escravos são reunidos por outras pessoas.” p.115

Dentre os pontos que podemos extrair para melhorar a educação, a meu ver os principais são: 1) a não obrigatoriedade do ensino institucional, pois segundo pesquisas lidas por Gatto, os alunos educados em casa têm desempenho de 5 até 10 vezes melhor do que os de escola pública. Não é à toa que o movimento de famílias educadoras (homeschoolers) tem crescido nos EUA e no Brasil; e 2) o currículo integrado à realidade do aluno. Por exemplo, não faz sentido ver um monte de assunto de matemática de maneira compartimentada e abstrata, sem conexão com os problemas da vida real, como as finanças do lar, empréstimos, hipotecas, etc. E Gatto conta um pequeno projeto que tinha em inserir os alunos em situações reais da comunidade, projeto sem necessidade de grandes investimentos ou de mais professores e funcionários. Preciso dizer que seus colegas bateram em cima?

Com tudo isso, não é de se admirar que o autor seja odiado pelos sindicatos de professores pelos EUA, que já fizeram protestos e chegaram a interromper palestras dele, apesar de o público – com vários pais e alunos – estar muito interessado em ouvi-lo (talvez seja por isso mesmo que quiseram calá-lo). Mas agora temos uma edição do livro por aqui e, se não podemos mais ouvi-lo (infelizmente Gatto faleceu em 2018), podemos lê-lo. Eu, aliás, já quero ler o outro livro dele que temos publicado por aqui: “Armas de Instrução em Massa”.




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