sábado, 26 de novembro de 2011

Dragões de Éter: Corações de Neve - Raphael Draccon

Depois de um longo e tenebroso inverno, venho aqui postar mais uma resenha. A minha desculpa continua a mesma: estou na reta final do meu mestrado, ainda falta um restinho para terminar a dissertação e já tenho não-sei-quantas correções a fazer. Portanto, é provável que eu dê uma nova sumida depois desse post.

Cuidado! Este resenha contém spoilers para quem não leu o primeiro livro.

Dragões de Éter: Corações de Neve -  Raphael Draccon

Editora: Leya
Ano de Laçamento: 2009
Páginas: 495


Sinopse
Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltaram contra as antigas raças. E assim nasceu a Era Antiga. Hoje, Arzallum, o Maior dos Reinos, tem um novo rei, e a esperada Era Nova se inicia.
Entretanto, coisas estranhas continuam a acontecer... Uma adolescente desenvolve uma iniciação mística proibida, despertando dons extraordinários que tocam nos dois lados da vida. Dois irmãos descobrem uma ligação de família com antigos laços de magia negra, que lhes são cobrados. Duas antigas sociedades secretas que deveriam estar exterminadas renascem como uma única, extremamente furiosa.
Após duas décadas preso e prestes a completar 40 anos, um ex-prisioneiro reconhecido mundialmente pelas ideias de rebeldia e divisão justa dos bens roubados de ricos entre pobres é libertado, desenterrando velhas feridas, ressentimentos entre monarcas e canções de guerra perigosas. O último príncipe de Arzallum resgata sombrios segredos familiares e enfrenta o torneio de pugilismo mais famoso do mundo, despertando na jornada poderosas forças malignas e benignas além de seu controle e compreensão.
E a tecnologia do Oriente chega de maneira devastadora ao Grande Paço, dando início a um processo que irá unir magia e ciência, modificando todo o conhecimento científico que o Ocidente imaginava possuir.
E o mundo mudará. Mais uma vez.


Resenha

O livro segue no mesmo estilo do anterior, com várias estórias acontecendo ao mesmo tempo, mas o narrador deixa de ser aquele bardo que vai conversando com a gente. Para algumas pessoas isso foi uma vantagem em relação a "Caçadores de Bruxas", mas para mim não ficou nem melhor ou pior por causa disso. Eu havia gostado do narrador/bardo, mas não amei tanto assim a ponto de sentir falta. Mas falando da estória, ele começa com a coroação de Anísio e com Axel se preparando para disputar o Punho de Ferro - a competição de pugilismo que reúne os campeões de cada nação do continente Ocaso.

Ao ser coroado Rei, Anísio tem direito a fazer seus Três Desejos, desejos que dificilmente alguém ousaria negar. As coisas estavam indo mais ou menos bem, até que Anísio pede como seu Terceiro Desejo a libertação de Locksley, o Robin Hood de Nova Ether, gerando divergências entre os países. Ficando de um lado os países que apoiam Arzallum e do outro os que apoiam Minotaurus.

Logo, o Punho de Ferro deixa de ser uma mera competição entre pugilistas e passar a ser como um teste de forças entre as nações. E Axel sente cada vez mais a pressão de representar Arzallum. E é a partir daí que a estória vai se desenrolando. Vários personagens do livro passado reaparecem aqui, como Arianne, João, Maria, Liriel e Snail. Sem contar que chegam pelos céus um pessoal do outro continente, trazendo consigo uma tecnologia nunca antes vista no Ocaso.

Dentro do que eu gostei do livro posso citar: (i) o amadurecimento dos personagens, principalmente de João, o final dele foi um dos que mais gostei; (ii) conhecer um pouco mais sobre Anísio e sua relação com os pais e o irmão, pois no livro passado era apenas um coadjuvante e não se sabia o que diabos ele foi fazer na Sete Montanhas, mas aqui ele ganha a mesma importância de Axel e sua infância e razões para partir são reveladas; (iii) as bruxas más não são mais simplesmente devoradoras de criancinhas e passam a ser parte de uma organização mais poderosa, com interesses políticos; (iv) e adorei Ruggiero, o competidor do oriente.

Porém, algumas coisas me incomodaram neste livro e a primeira delas é o caráter extremamente cristão que ele tem. Em "Caçadores de Buxas", a religiosidade ficava centrada no semideus criador e nas fadas que são seus avatares e eu havia gostado da "sacada" de fazer o escritor e os leitores semideuses responsáveis pelos mundos de éter. Também pode-se fazer um paralelo entre a caçada às bruxas em Nova Ether e aquela promovida pela Igreja Católica medieval, e isso ficou bem consistente no primeiro livro.

Só que achei que uma das lições que ficaria para este livro era de que a magia também pode ser boa, não há só bruxas más e que a caçada às bruxas, da forma que ela foi executada, foi um engano. Mas não é isso o que acontece em "Corações de Neve", não só os caçadores de bruxas ressurgem, como a cruz passa a ser um símbolo de Merlin, que é o "Christo" de Nova Ether. Eu não lembro exatamente como Merlin era citado no Livro 1, mas tenho certeza de que ele não tinha essa conotação tão forte de "Jesus Cristo, o Salvador". Para mim, isso fez o mundo perder um pouco de sua essência fantástica.

Outro aspecto que não agradou foi essa tecnologia dos gnomos. O mundo criado no primeiro livro tem aquele ar medieval e apesar de as crianças falarem gírias e as escolas serem como as escolas modernas, ainda assim, tudo casava bem. Mas essa coisa de naves voadoras, cristais, energia dos gênios e éter líquido não ficou bem resolvida dentro de Nova Ether. Ficou tudo muito artificial e pareceu que o autor simplesmente teve uma idéia e escreveu ela logo, sem nem pensar direito em como torná-la verossímil para o mundo criado.

Portanto, se fosse para dar uma nota entre 0 e 10, daria ao livro a nota 7,5. Assumindo que 3 estrelas daria nota 6, e 4 seria 8, eu preferi dar 4 estrelas.

Série Dragões de Éter
  1. Dragões de Éter: Caçadores de Bruxas
  2. Dragões de Éter: Corações de Neve
  3. Dragões de Éter: Círculos de Chuva