segunda-feira, 30 de abril de 2018

Moby Dick (ou A Baleia) - Herman Melville

Moby Dick - Herman Melville

Editora: Cosac & Naify
Ano da Edição: 2008
Páginas: 656
Título Original: Moby Dick (or The Whale)

Sinopse
Versão definitiva da obra-prima Moby Dick, ou A Baleia, considerado um dos maiores romances norte-americanos. O livro traz o relato de um marinheiro letrado, Ishmael, sobre a última viagem de um navio baleeiro de Nantucket, o Pequod, que parte da costa leste dos Estados Unidos - com sua tripulação multiétnica - rumo ao Pacífico Sul, onde encontra o imenso cachalote branco que, no passado, arrancara a perna do vingativo capitão Ahab. Ao longo de 135 capítulos, Herman Melville (1819-1891) explora com brilhantismo e ironia os mais variados gêneros literários: da narrativa de viagens ao teatro shakespeareano, do sermão à poesia popular, passando pela descrição científica e a meditação filosófica. 

A nova tradução se vale da longa experiência acadêmica da tradutora Irene Hirsch com a obra de Melville e de um minucioso trabalho de pesquisa de vocabulário náutico por parte do tradutor Alexandre Barbosa de Souza. 
O volume inclui ainda fortuna crítica com três textos fundamentais para a compreensão da obra: uma resenha de Evert Duyckinck, publicada em 1851; o clássico ensaio de D. H. Lawrence, incluído em Studies in Classic American Literature, de 1923, e um trecho do célebre estudo de F. O. Mathiessen, American Renaissance, de 1941. Além disso, a edição traz apêndice com Glossário Náutico Ilustrado e bibliografia.


Resenha

Em janeiro, Tatiana Feltrin do canal TLT propôs uma leitura conjunta de Moby Dick e como eu tinha vontade de ler o livro, mas também sempre tive certo receio, decidi participar do projeto. Ler mais ou menos 100 páginas a cada 15 dias, assistir aos comentários da Tatiana e participar da discussão dos comentários do vídeo me pareceu uma ótima forma de leitura. E realmente foi! Gostei de ler Moby Dick assim, pois o prazo de leitura e os vídeos são um grande incentivo para você continuar a leitura, especialmente se for um livro mais denso e menos empolgante. Quem quiser assistir aos comentários da Tatiana Feltrin, clique aqui pra ir assistir à playlist do projeto de leitura conjunta de Moby Dick!

A história de Moby Dick é contada por Ishmael, um dos tripulantes do navio Pequod que vai à caça de baleias. Descobrimos, então, que o navio vai mesmo é procurar a vingança para o seu capitão Ahab, que teve sua perna arrancada pela famosa e temível cachalote branca, Moby Dick. O livro é como um diário de bordo de Ishmael, no qual ele fala diretamente com leitor, contando a história do Pequod e trazendo detalhes técnicos para dar verossimilhança e realismo à narração. O livro faz parecer mesmo que é uma história real e que Ishmael está apenas relatando os fatos, apesar de ser uma ficção que é apenas baseada no ataque de uma baleia ao navio baleeiro Essex, afundado por um cachalote no Oceano Pacífico em 1820.

A maior parte do livro é narrada em primeira pessoa por Ishmael, mas ao longo do livro Herman Melville introduz novos estilos de escrita e uma variação da narração. Em certos momentos a história é contada como em um roteiro de peça, em outros momentos o narrador muda para outros personagens, como Starbuck, Stubb, ou o capitão Ahab.

Apesar de ter curiosidade pela história, eu nunca tinha tido a iniciativa de realmente começar a ler Moby Dick, porque sempre ouvi que era um livro denso, chato, monótono, difícil e que é uma das leituras mais abandonadas. E aí quando comecei a leitura, eu me surpreendi bastante, pois história estava ótima, bem movimentada e até bem divertida e engraçada. O primeiro encontro de Ishmael e Queequeg, por exemplo, é hilário. Mas o livro vai perdendo esse tom no seu desenrolar e vai se tornando cada vez mais chato e cansativo de ler.

Os capítulos em que o narrador está realmente contando a história são ótimos. A história é interessante e o leitor se envolve nessa caça à Moby Dick, se envolve com os personagens e suas histórias pessoais e se envolve principalmente com a mente vingativa e até maníaca e obsessiva do capitão Ahab. Ahab só pensa em matar a baleia que lhe arrancou a perna, mesmo quando todos os sinais indicam que isto talvez não seja uma boa ideia, mesmo com os outros tripulantes do navio sendo contra essa missão (como Starbuck), e mesmo quando encontra outros navios com histórias terríveis do encontro com Moby Dick. Contrastando com os bons capítulos, há também muitos capítulos chatíssimos, como um capítulo chamado Cetologia, descrevendo os mais diversos tipos de baleias, outros capítulos sobre as partes das baleias (A Cauda, Cabeças ou Caudas, etc.), entre outros. Sinceramente, nesses capítulos o leitor precisa de muita determinação para continuar.

Também percebo um contraste entre a parte mais técnica e a parte mais filosófica do livro. Como eu já disse, o narrador tenta ao máximo trazer verossimilhança e coerência ao texto; ele faz parecer que o livro é um diário de bordo no qual ele apenas narra os fatos. Mas em contraponto, ele também se atém a certos detalhes e filosofa extensamente sobre eles. São várias digressões e devaneios.

Outro ponto que acho importante frisar é que o livro traz descrições bem detalhadas, cruas e reais da caça e corte das baleias. Quando eles encontram a primeira baleia, há vários capítulos designados a cada um dos detalhes do processo. Desde o arremesso do arpão, até a captação do óleo da baleia, passando pela morte da baleia, pelo jeito correto de cortá-la e etc., tudo com descrições bem imagéticas. Em certos momentos a leitura se torna um pouco difícil, mas é preciso levar em conta a época em que o livro foi escrito, o propósito da caça às baleias. Não é uma caça por esporte, é para retirar o óleo de baleia, que era usado para fornecer combustível para iluminação das casas e ruas, entre outras funcionalidades. Então, na minha concepção não é um livro sobre crueldade com os animais, é um livro sobre um navio baleeiro. Mas, sim, tem imagens fortes e se você tem problemas com isso, não indico a leitura.

O livro é muito rico em alegorias e simbolismos. Ele possui, por exemplo, várias referências bíblicas e referências a Shakespeare. Algumas bem explícitas e algumas mais disfarçadas. E as digressões e devaneios filosóficos que o autor faz ao longo do livro são repletos dessas alegorias e simbolismos. Esse livro causa sentimentos extremos e contrastantes: enquanto alguns amam o livro, outros não conseguem nem terminá-lo. Certo, é indiscutível que é um livro rico, mas infelizmente isso ficou escrito de uma forma chata e enfadonha na maior parte do livro. Sei que alguns vão me xingar e julgar, mas essa é a MINHA opinião. Não venham me dizer que não entendi o livro, que não entendi o que estava nas entrelinhas, etc. e tal. Entendi, sim. Apenas achei entediante.

Também achei o final meio anticlimático. Você é envolvido nessa narrativa por mais ou menos 500 páginas sobre Moby Dick e cria grandes expectativas pelo encontro e pela luta com a baleia, que só chega nos 3 últimos capítulos e pronto. A luta tem uma descrição incrível, mas sei lá, eu esperava mais. O final é praticamente só focado em Moby Dick e em Ahab. Todos os outros personagens que Ishmael fez questão de nos apresentar tão bem são esquecidos, ou no máximo citados rapidamente no desfecho do livro. Então, me senti meio enganada. Pra quê, então, nos aproximar de Queequeg, de Starbuck, de Stubb, de Tashtego e do próprio Ishmael?

Enfim, já me alonguei demais. Ler Moby Dick se mostrou uma prova de resistência e confesso que acho que só não o abandonei porque li no projeto de leitura conjunta da Tatiana Feltrin no canal TLT. Comecei o livro bem animada e gostando muito, mas ele foi ficando cada vez mais desinteressante e com mais capítulos técnicos e filosóficos no seu decorrer. Resumindo: a narrativa propriamente dita é bem interessante, mas os (muitos!) devaneios filosóficos e os detalhes extremamente técnicos me incomodaram.

Se você quer assistir ao vídeo final sem spoilers da Tatiana Feltrin falando sobre Moby Dick, clica aqui.



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