segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Malagueta, Perus e Bacanaço - João Antônio

Malagueta, Perus e Bacanaço - João Antônio

Editora: Cosac Naify
Ano da Edição: 2015
Páginas: 224
Sinopse
Livro de estréia em que João Antonio, aos 26 anos, viu-se imediatamente apontado pela crítica como sucessor da tradição fundada por Mário de Andrade e Antônio de Alcântara Machado, em que a literatura e a capital paulistana são indissociáveis. Os contos de abertura equilibram com maestria a emotividade de histórias simples e uma notável ausência de sentimentalismo. Os últimos instauram aquele que seria um dos temas primordiais da obra do escritor: o mundo da sinuca e da malandragem, com seus tipos, sua ética, sua estética, por meio de uma estilização brilhante da linguagem oral.



Resenha

Não sei vocês lembram, mas na resenha de Auto da Compadecida eu disse que estava programando ler mais livros nacionais. Confesso que estou meio mal nesse projeto e coloco a culpa no doutorado =P. Mas este mês eu li Uns e Outros: Contos Espelhados, no qual a maioria dos autores é brasileira, e agora li Malagueta, Perus e Bacanaço, que está na lista dos 100 livros essenciais da literatura brasileira feita pela revista Bravo e na minha listinha também.

Eu realmente entendo porque este livro está na lista da Bravo e porque ganhou dois prêmios Jabuti no ano em que foi lançado, mas sabe aquele livro sucesso de crítica que simplesmente não faz seu estilo? Pronto, foi esse o caso. Também entendo que o estilo do autor, que utiliza a linguagem da periferia, dos malandros, com frases curtas, repetições, tenha sido bem inovador na época. Mas lido agora, o livro não tem o mesmo impacto.

Os contos, 9 no total*, retratam a vida daqueles que vivem na periferia, dos moleques que ganhavam trocados engraxando sapatos no centro de São Paulo e dos malandros jogadores de sinuca. A primeira parte, chamada Contos Gerais, tem 3 contos cujos protagonistas são homens que vivem nos bairros pobres de São Paulo, mas não são os malandros. A segunda parte, Caserna, tem 2 contos com foco nos soldados. Essas duas partes juntas representam um terço do livro e achei que os contos foram ok, não eram exatamente o que gosto de ler, mas não achei ruins.

Os outros 4 contos da terceira parte, chamada Sinuca, é que não foram muito legais, com exceção do primeiro, Frio, que foi o melhor do livro. O mais chato foi o maior (um terço do livro somente para ele) e que dá nome ao livro. Tive que me forçar a terminá-lo, não podia abandonar o conto mais importante do livro, né? Francamente, eu estava pouco me importando com o que ia acontecer aos três malandros, jogadores de sinuca, que dão nome ao conto e ao livro.

Resumindo, se você estuda literatura, se gosta de escrever ou qualquer coisa parecida, você deve ler o livro para poder ver o estilo único do autor. Porém, se não for o caso, leia o conto Meninão do Caixote, que é um conto de transição entre os anteriores e a malandragem pura de Malagueta, Perus e Bacanaço. Se gostar, deve gostar do restante; se não gostar, provavelmente não gostará do resto, então avalie bem se vai querer se "arriscar".

* Na edição de bolso da Cosac Naify. Segundo a editora, eles usaram como base a edição de 1975, que foi a última revista pelo autor.

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