segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Uns e Outros: Contos Espelhados - Vários Autores

Uns e Outros: Contos Espelhados - Vários Autores

Editora: Dublinense para TAG
Ano da Edição: 2017
Páginas: 272
Sinopse
A ideia do livro foi que dez autores lusófonos escolhessem um conto cada, de um autor considerado clássico, para servir de inspiração para uma releitura original. Desta forma, o debate vai girar em torno das influências literárias, do processo de recriação de obras clássicas e dos efeitos do espelhamento resultante dessa experiência.



Resenha

Eu já disse isto antes e vou repetir, é difícil dar nota a um livro com contos de vários autores, já que você invariavelmente vai gostar de uns e desgostar de outros. Considerando que são 20 contos no total e gostei de todos os originais e mais uma ou outra releitura, o saldo ficou mais positivo que negativo.

A intenção deste livro, feito com exclusividade para a TAG, era que cada um dos 10 autores contemporâneos (9 brasileiros e 1 português) escolhesse um conto de um autor consagrado e fizesse uma releitura do mesmo. A ideia parece boa à primeira vista, mas ela traz um problema: se são autores consagrados, intui-se que a qualidade dos escritos é boa, então como fazer uma releitura que não fique ofuscada pelo original?

E esse foi o problema do livro. Como curadores, os autores contemporâneos foram ótimos. Gostei de todos os contos originais, uns achei excelentes, outros um pouco menos, mas todos foram bons. Já as releituras me desapontaram um pouco e acho que foi exatamente porque, lendo-as logo depois do original, elas perdem um pouco do brilho, quase todas não acrescentaram nada de novo.

O meu nacionalismo sofre um pouquinho para admitir isto, mas a releitura em que o autor colocou algo de si, algo novo, foi a do português José Luís Peixoto, que fez uma releitura de "Um Homem Célebre" de Machado de Assis. A de Eliane Brum, que fez uma releitura de "Os desastres de Sofia" de Clarice Lispector sob o ponto de vista do professor, foi boa. Mas não tem o mesmo impacto do original, onde acompanhamos tudo pelos olhos da criança.

Também devo dizer que Maria Valéria Rezende e Cristovão Tezza fizeram boas adaptações para o tempo atual, cada um no seu estilo, dos contos escolhidos. Elas podem ser lidas sem o original, mas por serem tão fiéis aos contos que as inspiraram, quando são lidas junto deles não trazem nenhuma novidade, sabe? Teve gente que amou a de Ana Maria Gonçalves, mas o "Negrinha! Negrinha! Negrinha!" dela não chegou nem perto de ser tão tocante como o momento da boneca em "Negrinha" de Monteiro Lobato.

Não vou falar de cada uma das 10 releituras para não ficar uma resenha enorme que ninguém vai ler, só vou dizer que nenhuma delas foi tão boa quanto o original. Não é porque os autores atuais não tenham talento, mas é que ficaram ofuscados. Acho que teria sido uma ideia melhor dar a eles um tema e eles escreveriam algo próprio, sem precisar se basear no trabalho de ninguém. Assim, eu acredito que poderíamos apreciar melhor o talento de cada um.

Como já disse, gostei dos contos originais, o que já valeu a leitura e me deixou com vontade conhecer mais sobre autores que nunca havia lido antes como Liev Tolstói, Ernest Hemingway, James Joyce, Clarice Lispector, Guy de Maupassant e Katherine Mansfield.


p.s.: O visual do kit ficou muito bonito e dessa vez o livro veio até com uma fitinha de marcador, além do marcador comum. Contudo, o mimo foi um conjunto de palavras com ímãs. Algumas delas formam o poema "Espelho" de Ana Martins Marques, mas eles acrescentaram outras para que os taggers pudessem formar seus próprios poemas. Como eu não tenho essa criatividade toda, não me serviu muito, mas dei a Larissa que tem um daqueles quadros de metal.


Nenhum comentário:

Postar um comentário