Bibliomaníacas: O Conde Enfeitiçado

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

O Conde Enfeitiçado - Julia Quinn

O Conde Enfeitiçado - Julia Quinn

Editora: Arqueiro
Ano da Edição: 2015
Páginas: 304
Título Original: When He Was Wicked

Sinopse
Toda vida tem um divisor de águas, um momento súbito, empolgante e extraordinário que muda a pessoa para sempre. Para Michael Stirling, esse instante ocorreu na primeira vez em que pôs os olhos em Francesca Bridgerton. Depois de anos colecionando conquistas amorosas sem nunca entregar seu coração, o libertino mais famoso de Londres enfim se apaixonou. Infelizmente, conheceu a mulher de seus sonhos no jantar de ensaio do casamento dela. Em 36 horas, Francesca se tornaria esposa do primo dele. Mas isso foi no passado. Quatro anos depois, Francesca está livre, embora só pense em Michael como amigo e confidente. E ele não ousa falar com ela sobre seus sentimentos a culpa por amar a viúva de John, praticamente um irmão para ele, não permite. Em um encontro inesperado, porém, Francesca começa a ver Michael de outro modo. Quando ela cai nos braços dele, a paixão e o desejo provam ser mais fortes do que a culpa. Agora o ex-devasso precisa convencê-la de que nenhum homem além dele a fará mais feliz. No sexto livro da série Os Bridgertons, Julia Quinn mostra, em sua já consagrada escrita cheia de delicadezas, que a vida sempre nos reserva um final feliz. Basta que estejamos atentos para enxergá-lo.

Resenha

Esse sexto livro da maravilhosa série Os Bridgertons é focado em Francesca, a irmã mais afastada da família e que ainda não tinha aparecido nos livros. Só se falava que ela era uma jovem viúva na Escócia e ponto final. Então, esse é o livro para conhecer a história de Francesca. Gostei livro, mas sinceramente foi mais por causa de Michael “Lindo” Stirling do que por causa dela.

O drama pessoal desse livro é comum aos dois personagens principais e é um conflito bem real. Ambos se sentem culpados por estarem se vendo como mais do que amigos, porque Michael era primo e melhor amigo do falecido marido de Francesca. Michael se apaixonou por Francesca assim que a viu, só que isso ocorreu poucos dias antes do casamento dela com seu primo, John. Ele, claro, escondia seus sentimentos de todos, vivendo como um verdadeiro libertino, e se tornou amigo também de Francesca. Mas quando seu primo morre subitamente após dois anos de casados e sem deixar herdeiros, Michael herda o título e as posses da família, e passa a se sentir ainda mais culpado por continuar desejando Francesca e se afasta por um tempo.

O livro narra esse início no passado, mas depois avança para quando Michael volta de sua viagem de 4 anos e a história mesmo se passa concomitantemente com a história de Colin, em “Os Segredos de Colin Bridgerton”. O que achei meio esquisito, pois Francesca teoricamente sempre vem para Londres durante a temporada de bailes e está lá na época da história de Colin e tal, mas em nenhum livro anterior ela parecia existir. Era só como se ela fosse uma viúva enfurnada em um casarão sozinha na Escócia. E aí nesse de repente fala que ela vem para Londres todo ano e vai às festas (as mesmas que aconteceram no livro de Colin)! Fiquei um pouco confusa, porque ela nunca foi citada como estando presente em Londres, foi como se de última hora a Julia Quinn tivesse decidido que uma parte da história dela se passaria em Londres e encaixou ela lá de qualquer jeito. Mas enfim, a história funciona. Só achei esquisito que ela é bem afastada da família e percebemos realmente que nesse livro a família mal aparece e mal interfere nos acontecimentos, ao contrário de todos os outros Bridgertons nos livros anteriores.

Como disse, o livro é bom e, pra mim, o motivo é o Michael, com seu amor incondicional por Francesca e tentando não demonstrá-lo, mas ao mesmo tempo se sentindo frustrado em muitos momentos por ter que lidar com ela e seu novo desejo de casar novamente. Michael e Francesca vivem o dilema moral de sentir atração um pelo outro, dadas as circunstâncias, mas ele é bem mais normal que ela. Achei a Francesca meio lesinha demais... Ela fica exigindo a amizade de Michael de uma forma que não condiz com a realidade entre homens e mulheres daquele tempo: ela quer que ele seja seu confidente, seu ombro pra chorar por John e conversar sobre seus pretendentes para um novo casamento. Ok, ele é seu amigo, mas assim já é demais! E ela não percebe a frustração dele com isso, não entende o porquê de ele se irritar e se afastar de assuntos como esses. Fica pressionando e perguntando por que ele está com raiva dela e ele respondendo que não está com raiva, mas não pode explicar a situação para ela. Mas só um cego sem sensibilidade alguma não entenderia que ele gosta dela! Até Colin “Perfeito” Bridgerton percebe após dois segundos de interação com Michael.

Então, Francesca me irritou um bocadinho com esses muídos todos antes do primeiro beijo, que, pelamordedeus, demorou demais pra acontecer. Mas aí quando finalmente acontecem as coisas, ela fica no dilema moral de “ele era o melhor amigo de John”, e aí é um pouco mais normal, apesar de ficar sempre sem palavras... Só que ela é tão devagar que ainda não entende os sentimentos dele, nem os dela própria, acha que é só desejo.

Enfim, Michael é o que há nesse livro, tanto que é o meu mocinho não-Bridgerton favorito da série! Um homem perfeito, lindo, sedutor, fiel, de bom coração, sensível, engraçado e, acima de tudo, paciente pra aguentar as frescuras de Francesca. Ainda bem que no final ela se orienta nas coisas. Gostei do livro, mas quis entrar na história, sacudir a Francesca pelos ombros e dizer “Acorda, mulher! O cara te ama! Vai ser feliz!” algumas muitas vezes. Resumindo, a Julia Quinn conseguiu de novo me cativar, mesmo com os inúmeros defeitos da Francesca.

Os Bridgertons