segunda-feira, 29 de abril de 2019

A Velocidade da Luz - Javier Cercas

A Velocidade da Luz - Javier Cercas

Editora: Globo para TAG
Ano da Edição: 2018
Páginas: 272
Título Original: La velocidad de la luz

Sinopse
Embaralhando ficção e realidade – os dados biográficos do narrador do romance coincidem em grande parte com os do autor –, Cercas agarra à unha aqui o tema da solidão do escritor diante do caos irredimível do mundo. Como encontrar uma voz própria em meio a essa algaravia? Como enunciar algo que não acrescente simplesmente ruído ao ruído? O enredo de A velocidade da luz, grosso modo, é a relação entre um escritor espanhol e um veterano norte-americano da guerra do Vietnã, Rodney Falk, que ele conheceu na Universidade de Urbana, uma cidadezinha próxima a Chicago. Com base em suas lembranças de Falk e nas cartas que este mandava do front ao pai, o escritor/narrador pretende entender os enigmas do amigo americano e produzir um livro a respeito. Assim como em Soldados de Salamina, a história narrada é também uma discussão sobre a tentativa de narrá-la. Como quem monta um quebra-cabeças infernal, o narrador busca reconstituir a trajetória de um homem dilacerado pelos horrores da guerra para dar a ela algum sentido. A tarefa, desde logo, é impossível, mas, como se diz a certa altura do romance, só merecem ser contadas as histórias que não se pode contar. Com espantoso domínio literário, entrelaçando com maestria a ação e a reflexão, Cercas nos conduz do interior da Catalunha ao interior de Illinois, de Barcelona a aldeias vietnamitas, saltando as décadas para a frente e para trás, sempre fazendo de conta que ainda está à procura da melhor maneira de dizer o que tem a dizer. O resultado é um livro fascinante e perturbador, em que a arte de narrar encontra ao mesmo tempo seu questionamento mais agudo e sua mais alta expressão.



Resenha

Este foi o livro de janeiro/2019 da TAG Curadoria. O kit teve um projeto gráfico bonito, que combinou bem com a história. A revista TAG também me deixou bem empolgada para começar a leitura do livro. Tive uma pequena dificuldade no início para me acostumar com a escrita do autor e seus longuíssimos parágrafos, mas uma vez acostumada, a leitura fluiu bem.

Rodney Falk, que é amigo de quem o narrador/escritor vai contar a história, não é um personagem cativante, mas sua história é bastante intrigante. Ele é um americano que lutou na Guerra do Vietnã e voltou, como muitos soldados, traumatizado com a experiência e tornou-se uma pessoa um tanto excêntrica, para dizer o mínimo.

Nós vamos descobrindo sua história aos poucos, através de seu pai e de algumas cartas, mas o ponto crucial, alguma missão realizada pelo seu destacamento que o deixou fora de si, ninguém sabe como foi, pois Rodney se recusou a falar sobre isto com qualquer pessoa. Então, nós passamos o livro inteiro curiosos, junto com o narrador. Neste meio tempo, a vida do narrador segue e nós acompanhamos sua ascensão e derrocada também.

Gostei muito deste livro até mais ou menos uns dois terços dele, quando o narrador começou a falar mais de si e eu senti que o autor "forçou a barra" em alguns acontecimentos, só para causar, sabe? Eu sei que essa "interferência" do autor faz parte de seu estilo, em que ele mistura ficção e realidade, transformando o narrador em uma parte de si mesmo. Só que o motivo da virada na vida do personagem poderia ser menos forçado e o finalzinho, exatamente as duas últimas páginas não precisavam ser tão explicitamente "metaliterárias".

Não dá para eu explicar melhor as partes que não gostei sem dar spoilers, pois elas foram justamente na parte final do livro. Então, o livro é muito bom, mas para mim teve alguns problemas na forma como foi escrito. Só que isto foi comigo, não deixem de ler e verificarem vocês mesmos, pois teve muita gente que amou, inclusive o final.

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