Editora: Nova Fronteira para TAG
Ano da Edição: 2018
Páginas: 208
Título Original: name
Sinopse
Feliz por escapar da monotonia da academia militar, o jovem tenente Giovanni Drogo recebe com alegria a missão no forte Bastiani - para ele, a primeira etapa de uma carreira gloriosa. Embora não pretendesse ficar por muito tempo, o oficial de repente se dá conta de que os anos se passaram enquanto, quase sem perceber, ele e seus companheiros alimentavam a expectativa de uma invasão estrangeira que nunca acontece.
A espera pelo inimigo transforma-se na espera por uma razão de viver, na renúncia da juventude e na mistura de fantasia e realidade. Publicado originalmente em 1940, "O deserto dos tártaros" marcou a consagração de Dino Buzzati entre os grandes escritores italianos e foi eleito pela crítica especializada um dos melhores livros do século XX.
Resenha
O Deserto dos Tártaros foi o livro de outubro/2018 da TAG Curadoria e mais um que figura na lista dos 1001 livros para ler antes de morrer. Este é um livro bem difícil de descrever, pois, na realidade, nada acontece. Sério, é um livro de espera, mais psicológico, e não de ação.
Drogo, um jovem tenente, ao sair da academia militar é alocado para o forte Bastiani, do qual quase ninguém ouviu falar. O forte fica numa região montanhosa na fronteira norte que dá para o chamado "deserto dos tártaros", de onde, reza a lenda, vieram temíveis inimigos em um passado longínquo. Há incontáveis gerações que nenhum inimigo apareceu por aquelas bandas, mas isto não impede os homens que são mandados para o Bastiani de sonharem com um exército inimigo que travará batalha com eles, levando-os à glória, transformando-os em heróis.
E a história é essa, é o contraste entre a monotonia da vida no forte, cujos dias são todos iguais, com os devaneios dos homens que vigiam uma fronteira contra inimigos que nunca vêm. Assim, os jovens vão envelhecendo, os mais velhos se aposentando e tudo continua na mesma.
Falando assim, parece um livro horrivelmente enfadonho, mas o interessante é ir entrando nas mentes desses homens e tentando compreender o que os leva a permanecer no forte. As armadilhas da mente humana que nos faz esperar contra toda esperança por um momento de glória que vai dar sentido às nossas vidas, e enquanto esperamos este dia, nossa vida vai passando.
Este foi um livro que me deixou meio mal no final, eu não sabia direito o que pensar. Mas depois de uns dias, ele foi "crescendo" dentro de mim, fui compreendendo o final de Drogo e percebi sua genialidade. E ainda mexeu comigo, pois estou aqui pensando se não estou desperdiçando minha vida também. Esse é um livro que talvez a pessoa deva ler só lá pros 30 ou depois, quem é muito jovem talvez não compreenda bem a angústia de olhar pra trás e ver que a juventude já passou e você não fez nada de extraordinário.
"Do deserto do norte devia chegar a sorte, a aventura, a hora milagrosa, que, pelo menos uma vez, cabe a cada um. Para essa vaga eventualidade, que parecia tornar-se cada vez mais incerta com o tempo, os homens consumiam ali a melhor parte das suas vidas." p. 54
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