segunda-feira, 4 de junho de 2018

Eu e Outras Poesias - Augusto dos Anjos

Eu e Outras Poesias - Augusto dos Anjos

Editora: MVC Editora
Ano da Edição: 2014
Páginas: 253
Sinopse
O livro "Eu", única produção literária do autor, foi lançada inicialmente em 1912. O complemento "Outras Poesias" foi adicionado às demais edições, após a morte do poeta. Seu organizador, Órris Soares, entreteceu à criação mais antiga seus poemas atuais e o resultado foi a edição publicada em 1920 pela Imprensa Oficial da Paraíba, trazendo também o prefácio do responsável pela coletânea. Publicação especial acrescida de roteiro para leitura.



Resenha

Este livro estava parado na minha estante desde o final de 2014, quando comprei-o na festa de lançamento, com direito a dedicatória do ilustrador e da organizadora do roteiro de leitura e tudo mais (vou colocar uma foto no final da resenha). Era um tanto vergonhoso que não tivesse lido a única obra do poeta paraibano mais conhecido, mas eu acho que ainda sou um tanto "traumatizada" por ter sido forçada a ler e a tentar entender alguns desses poemas na escola.

Mas, neste ano, me "obriguei" a lê-lo para "desencalhá-lo" da estante e o resultado foi mais ou menos o que esperava. Assim como aconteceu com o livro de contos "Malagueta, Perus e Bacanaço" de João Antônio, eu compreendo a importância de "Eu" e entendo que foi (e ainda é) inovador, pois ninguém fez poesia com essa temática como Augusto dos Anjos fez. Porém, decididamente não é o tipo de leitura que gosto de fazer.

Ele fala da morte, mas não como aquela coisa abstrata, não como uma lamentação, uma saudade, dos que já foram, como é comum encontrar poemas por aí. Aqui a morte é tratada da sua maneira mais crua, falando de putrefação e decomposição do corpo e das vísceras, falando do medo paralisante da morte, esse tipo de coisa. Então, não é uma poesia agradável de ler, sabe? Também é uma poesia difícil de ler em relação ao vocabulário usado; li o tempo todo como meu celular do lado para poder consultar palavras como: álgida, abstrusa, adrede, e por aí vai.

Apesar de o tema não ser belo, a estrutura e o ritmo da poesia de Augusto dos Anjos são impecáveis. É um assombro que este homem tenha conseguido falar de tantas coisas nefastas, dentro de uma estrutura rígida como um soneto (há diversos deles), também com rimas ricas, aliterações, etc. Neste ponto, tenho que dizer que o roteiro de leitura feito pela profª. Neide Santos foi de grande ajuda. Além de trazer uma breve revisão de conceitos como ritmo, rima e métrica, ela faz uma breve análise e uma proposta de atividades para compreender e "sentir" melhor a poesia de Augusto dos Anjos. Embora o roteiro fale sobre apenas 19 poesias, a professora tenta chamar atenção para os pontos principais daquelas poesias, que são compartilhados por várias outras.

Por fim, mesmo não tendo gostado da maioria das poesias, porque a temática não é bem do meu agrado, isso não quer dizer que não gostei de nada. No geral, as poesias de que gostei são as que falam menos do aspecto físico da morte e mais sobre os sentimentos, como "Debaixo do tamarindo", "Idealismo" e o poema final do autor, "O Último Número".

Debaixo do tamarindo 

No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei biliões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!

Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!



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