segunda-feira, 18 de junho de 2018

Dom Quixote de la Mancha vol. 2 - Miguel de Cervantes

Dom Quixote de la Mancha vol. 2 - Miguel de Cervantes

Editora: Nova Fronteira
Ano da Edição: 2016
Páginas: 624 (vol. 2)
Título Original: Segunda parte del ingenioso caballero don Quijote de la Mancha

Sinopse
A história do engenhoso fidalgo Dom Quixote e de seu fiel escudeiro Sancho Pança conquista leitores geração após geração. O clássico de Miguel de Cervantes é considerado o expoente máximo da literatura espanhola e, em 2002, foi eleito por uma comissão de escritores de 54 países o melhor livro de ficção de todos os tempos. Em homenagem aos 400 anos de morte de Miguel de Cervantes, a Nova Fronteira traz ao público esta edição especial, com a obra integral em dois volumes. O texto de Cervantes é acompanhado das belíssimas ilustrações do francês Gustave Doré, um dos mais fantásticos artistas do século XIX.



Resenha

Já tem mais de um mês que finalizei a obra, mas ainda não tinha feito a resenha! No ano passado, li a primeira parte da estória de Dom Quixote e amei (a resenha está aqui), mas não peguei para ler o segundo volume logo em seguida porque estava fazendo as correções da tese e não queria me "comprometer" com uma leitura muito longa. Mas agora que sou oficialmente uma doutora, já posso voltar a ler meus calhamaços.

Enfim, voltando à resenha, como havia ficado encantada com a primeira parte, as expectativas estavam bem altas para esta segunda parte e, graças à habilidade e criatividade de Cervantes, elas foram atendidas! A segunda parte das aventuras de Dom Quixote também é bem divertida, você se pega rindo bastante enquanto lê.

Aqui, Dom Quixote e Sancho ficam sabendo que suas aventuras anteriores foram publicadas em um livro e eles agora são "famosos". Várias das pessoas que eles encontram pelo caminho já leram o livro anterior e sabem que Dom Quixote é meio biruta e que Sancho também acredita em várias das coisas que o amo diz.

Então, embora Dom Quixote continue metendo os dois em apuros por conta de sua loucura, há também gente que conhece a história dos dois e monta arapucas para tirar onda deles. Foi isso que me fez tirar meia estrela da nota do livro, pois eu achei que as situações ficaram mais forçadas neste livro. Não é que D. Quixote estivesse vendo o que não existia, mas as pessoas é que faziam artimanhas para enganá-lo (e a Sancho também!).

Não vou dar spoilers, mas eles passam um bom pedaço do livro, pelo menos um quarto dele, na casa de um duque que engana D. Quixote e Sancho com todo tipo de coisa só  para que ele, a duquesa e seus criados riam e se divirtam às custas de nossos queridos personagens. Mas no final de uma dessas "burlas", Sancho, sem nem saber que está sendo enganado, mostra seu valor e faz um discurso muito belo, uma verdadeira crítica a esses senhores que governam para si e não para o bem do povo.

Além desse discurso de Sancho, achei que este livro teve muito mais reflexões sobre a sociedade da época do que o anterior. Acho que isso foi devido ao fato de Cervantes já estar no fim da vida (foram 10 anos entre o lançamento das 2 partes) e talvez mais desesperançoso. Pelo menos foi essa a impressão que tive.

Estima-se que quando Cervantes já tinha escrito mais da metade do livro, ele ficou sabendo do Dom Quixote falso que foi lançado por alguém que queria lhe alfinetar usando seus personagens mais célebres, ou queria ganhar dinheiro usando esses personagens que já eram queridos pelos leitores, ou as duas coisas. O fato é que, dentro do livro, o próprio Dom Quixote fica sabendo que escreveram outro livro sobre ele e então fica irado, falando mal de tudo que dizem que está lá e esculachando o escritor.

Cervantes usou seu personagem para extravasar um pouco da raiva que deve ter sentido ao saber que seu trabalho foi usurpado. Não sei se era porque eu já sabia da história, mas depois da raiva inicial de D. Quixote, senti um certa melancolia, era como se conseguisse ler a mágoa de Cervantes ao ver seu querido personagem sendo usado por outros. Ele que tanto sonhou em ser reconhecido por sua escrita, estava agora velho, doente, sem dinheiro e ainda tinha aturar uma pessoa que tinha se aproveitado da única coisa que ele tinha, seu trabalho! Realmente deve ter sido um golpe duro e ele não tinha como evitar que fizessem outros livros, pois não existiam direitos autorais como hoje.

Portanto, finalizo a resenha com algumas palavras do último parágrafo do livro, para vocês também perceberem como o personagem era importante para o autor. E também com um conselho: leiam Dom Quixote! Não é à toa que esta obra faz parte do cânone da literatura.

"Apenas para mim nasceu dom Quixote, e eu para ele: ele soube agir e eu escrever. Nós dois somos um só, a despeito e apesar do escritor falso e tordesilhesco que se atreveu ou haverá de se atrever a escrever com pena de avestruz grosseira e mal aparada as façanhas de meu bravo cavaleiro, porque não é carga para seus ombros, nem assunto para seu espírito insosso."

Dom Quixote
  1. Dom Quixote de la Mancha, vol. 1 (El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha)
  2. Dom Quixote de la Mancha, vol. 2 (Segunda parte del ingenioso caballero don Quijote de la Mancha)

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