segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

As Metamorfoses - Murilo Mendes

As Metamorfoses - Murilo Mendes

Editora: Cosac Naify
Ano da Edição: 2015
Páginas: 160
Sinopse
Escrito entre 1938 e 1941, durante alguns dos momentos mais dramáticos da Segunda Guerra Mundial, o livro aponta para a necessidade da poesia e da transcendência em um mundo em que elas pareciam ter desaparecido por completo. Figuras da poesia de Murilo Mendes como a mulher, o pássaro, os peixes, o piano e as nuvens, chocam-se com a antipoesia de tanques, granadas e populações emigradas. Estão aqui alguns dos momentos mais altos da lírica moderna brasileira, como “O pastor pianista” e “Os amantes submarinos”.




Resenha

Este é um dos livros que está na lista de 100 livros essenciais da Literatura Brasileira da revista Bravo!, então entrou para minha lista de livros nacionais para ler e, ainda bem, eu comprei quando vi em uma promoção. Como se trata de uma edição da Cosac Naify, ela está com um design bonito e tem ainda uma resenha feita na época do lançamento da primeira edição (1944) e um posfácio atual feito pelo organizador da obra de Murilo Mendes na Cosac.

Murilo Mendes é um autor de quem eu não tinha ouvido (ou não me lembro de ouvido) até ver essa lista da Bravo!. Talvez seja porque ele acabou sendo meio ofuscado por Carlos Drummond de Andrade, que também era um poeta mineiro e era contemporâneo de Murilo Mendes. Some-se a isto o fato de eu não saber quase nada de poesia.

Não sou de ler poesia, sempre tive dificuldade em interpretá-las nos exercícios da escola, mas a gente só aprende fazendo, não é? Então, resolvi pegá-lo para ler. Eu gostei da temática do livro, o autor escreveu entre 1939 e 1941, em plena 2ª Guerra Mundial, o que fez com que várias poesias falassem sobre isso. Ele também havia se convertido ao Catolicismo há pouco anos e o tema da religião, principalmente a Virgem Maria, também aparece bastante.

Contudo, Murilo Mendes é um poeta do Modernismo, o que quer dizer que ele tenta fugir das normas de estrutura e ritmo. Segundo um dos posfácios, o autor tem forte influência também do Surrealismo, o que se mostra em poemas que parecem não fazer muito sentido. Dessa forma, eu, que já não sou boa em pegar o sentido de várias poesias mais "clássicas", fiquei sem entender nada em várias poesias do livro.

E, embora tenha captado o tema central da maioria, eu senti falta de rimas, de sentir o ritmo nos sons quando a pessoa lê em voz alta. Eu acho que sou mais "conservadora" quando se trata de poesias, sabe? Gosto das coisas bonitinhas. De qualquer maneira, eu gostei de várias poesias, certamente bem mais do que "Eu" de Augusto dos Anjos.

Então, valeu muito a pena ter comprado este livro por R$9,90! Pois agora está difícil de encontrá-lo, uma vez que é da finada Cosac Naify. Pelo que vi, a Companhia das Letras lançou alguns títulos do autor, então talvez ela tenha comprado todos os direitos dos livros da Cosac e vá reeditá-los.

Fogo-fátuo

Fogo-fátuo que te desprendes
Não apenas dos cemitérios,
Também dos ossos dos vivos:

Fogo-fátuo aceso pelos ditadores,
Fogo-fátuo errando pelo mundo,
As lágrimas das viúvas e dos órfãos
Um dia te apagarão,

Fogo-fátuo dos vivos.




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