segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola - Maya Angelou

Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola - Maya Angelou

Editora: Astral Cultural para TAG
Ano da Edição: 2018
Páginas: 336
Título Original: I Know Why the Caged Bird Sings

Sinopse
Racismo. Abuso. Libertação. A vida de Marguerite Ann Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra, criada no sul por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto através das palavras. Dessa forma, Maya, como era carinhosamente chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida. As lembranças dolorosas e as descobertas de Angelou estão contidas e eternizadas nas páginas desta obra densa e completamente atual.



Resenha

Que livro bom! Este foi o livro da TAG Curadoria de setembro/18 e foi uma escolha maravilhosa de Conceição Evaristo. É um livro autobiográfico de uma artista multifacetada, que cantava, dançava, escrevia de tudo e ainda era bastante ativa nos movimentos negros dos EUA. Ela conhecia Martin Luther King Jr., Malcolm X e muitos outros.

Só que este livro foca na infância e adolecência dela, na parte "menos glamourosa" de sua vida. Mas nem pense que por isso o livro é chato ou menos movimentado. Maya foi criada pela avó no Arkansas, sul dos EUA, no tempo em que lá havia segregação racial. Então, através da narrativa de Maya, acompanhamos tudo aquilo de escolas, hospitais, bairros, etc. separados entre os dos brancos e os dos negros.

A autora escreve de um jeito que parece uma conversa com o leitor, é muito envolvente, com pouco tempo de leitura a gente parece que conhece mesmo Maya. E nos momentos em que ela vê a avó ser humilhada por crianças brancas ou no terrível momento em que ela narra seu estupro, dá vontade de entrar no livro e abraçá-la. É um livro que fala de racismo, de sofrimento, de abusos, mas não de uma maneira que te deixa com raiva o tempo todo, mas de uma maneira tocante e que te faz refletir.

É um livro que fala das descobertas de Maya, sobre os impactos da segregação, sobre o papel que se esperava que ela cumprisse, sobre suas próprias aspirações e também, como fala da adolescência, sobre ser mulher. Eu acredito que uma das cenas que mais me tocou foi na sua formatura da escola primária, quando ela estava abatida depois do discurso do branco e, então, veio o momento em que prestou atenção à letra da música que deviam cantar, quando Maya compreendeu que não era o fim e que não estava sozinha.

"Nunca tinha prestado atenção à letra, apesar das milhares de vezes que a tinha cantado. Nunca tinha pensado que tivesse a ver comigo.
[...]
E então realmente ouvi, pela primeira vez: 
   'Nós seguimos por uma estrada que com lágrimas foi regada,
    Nós viemos, abrindo caminho
    Em meio ao sangue dos massacrados.'
" p. 208

Gostei demais! Também foi bom ter a edição da TAG, pois os textos de apoio da revista foram muito bons, trazendo inclusive o poema do qual ela tirou o título do livro. Só tirei meia estrela, pois achei o final meio corrido e abrupto. Mas recomendo demais a leitura a todos e, se não acredita em mim, este livro está na lista dos 1001 livros para ler antes de morrer.



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