segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Ainda Estou Aqui - Marcelo Rubens Paiva

Ainda Estou Aqui - Marcelo Rubens Paiva

Editora: Alfaguara
Ano da Edição: 2015
Páginas: 296
Sinopse
Trinta e cinco anos depois de Feliz ano velho, a luta de uma família pela verdade Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras. Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento negro da história recente brasileira para contar — e tentar entender — o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.



Resenha

Este foi o livro que veio na caixa da TAG do mês de dezembro de 2016. Foi minha terceira caixa da TAG e o livro do qual mais gostei. Mais uma vez, é um livro que eu não compraria normalmente, só que eu teria deixado passar um livro muito bom.

O livro narra, principalmente, o drama da família Paiva quando Rubens Paiva, pai do autor, foi preso por agentes da repressão da ditadura. Nas dependências do DOI, no Rio de Janeiro, o ex-deputado foi interrogado sob tortura e, depois do segundo dia, "desapareceu". Marcelo e sua família, como outras tantas famílias durante a ditadura, ficou sem saber o que aconteceu, sem ter a certeza de que o pai estava morto.

O livro é escrito em primeira pessoa e não segue uma ordem exatamente cronológica. É como se estivéssemos conversando com o autor e ele vai falando sobre sua infância, sua mãe e seu pai, conforme vai se lembrando das coisas. Eu gostei disso porque ficou bem natural e fluido, não é uma descrição de fatos e datas sobre a ditadura e a prisão de Rubens de Paiva é, antes de mais nada, um relato bem pessoal de como a família, especialmente Dona Eunice, lidou com a prisão e desaparecimento do pai.

O livro é dividido em três partes. Na primeira, Marcelo Paiva começa falando sobre sua motivação para escrever esta história, pois a mãe está com Alzheimer, perdendo a memória aos poucos, e ele queria registrar este fato importante na história da família (e do país), contando também como ela reagiu e terminou de criar e sustentar os cinco filhos menores de idade sem o marido. Nesta primeira parte, sabemos mais como foi a infância do autor, como eram as coisas antes de o pai ser levado.

A segunda parte é mais focada no pai. Começa falando sobre como o deputado Rubens Paiva foi cassado pouco depois do golpe em 64. Depois conhecemos um pouco mais sobre a vida da família durante a ditadura até a prisão do pai. E aí começa a parte mais angustiante do livro. A gente vai saber como foi o dia da prisão e os dias que se seguiram sob o ponto de vista do Marcelo, sendo que ele era uma criança de 11 anos! Sentimos a angústia dele em não saber o porquê os pais e uma das irmãs foram presos, não saber o que iria acontecer com ele e as outras irmãs, não saber se os pais estavam vivos ou mortos.

Depois, o autor vai destrinchando a história, relatando o que eles descobriram após décadas buscando a verdade, até finalmente conseguirem, já em meados dos anos 90, a certidão de óbito do pai. É bem comovente porque você não está lendo sobre as tragédias da ditadura de uma maneira geral e impessoal num livro de história, você está "tendo uma conversa" com alguém que sofreu aquilo de verdade.

A parte final se foca bem mais na Dona Eunice, mãe do autor. Nós ficamos sabendo como ela resolveu cursar Direito, já aos 42 anos, e tornou-se uma advogada bem sucedida. Também acompanhamos o novo drama da família que foi descobrir que a mãe estava com Alzheimer. É bem triste saber que depois de tudo que D. Eunice passou, quando ela estava finalmente se aposentando para curtir a vida, ela começou a apresentar os sintomas da doença.

Enfim, eu recomendo a leitura, principalmente para aqueles que já têm um interesse sobre a ditadura. Para quem não lê muito sobre o assunto também é bom, pois, como já disse, não é um livro chato só com datas e acontecimentos. Também não é um livro para fazer a pessoa chorar, mas deixa a pessoa angustiada, pensando nesta e noutras famílias que sofreram o mesmo.


p.s.: Bem, achei a caixa de dezembro/2016 da TAG +ou-. O brinde foi bem mixuruca, o nome TAG feito em uma impressora 3D, e a edição do não é diferente da que se encontra na livraria. A única coisa a mais no livro é que a primeira folha traz uma cópia da dedicatória do autor. Como sempre, veio a revista TAG e um marcador combinando com a revista.


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